Pessoas com desenvolvimento atípico adquirem habilidades mais lentamente que os outros, ou nem mesmo chegam a desenvolver estes repertórios. Ainda não sabemos exatamente por que isto acontece, mas uma das hipóteses é a das podas neurais.
No desenvolvimento típico, de tempos em tempos o cérebro faz uma “limpa” nas sinapses que não estão sendo utilizadas - a poda neural. Quando isso acontece, a criança dá um “salto” de desenvolvimento, pois o cérebro se tornou mais especializado nas habilidades adquiridas.
No desenvolvimento atípico, a poda neural acontece de maneira diferente. Quando o cérebro poda demais, a criança perde habilidades adquiridas. O mais comum é podar de menos, e isso resulta num cérebro com mais sinapses, o que atrapalha os saltos de desenvolvimento.
Neurodesenvolvimento atípico: um termo guarda-chuva que descreve o que acontece com as pessoas que chegam na vida adulta com um cérebro “diferentão” - TEA, TDAH, dislexia são alguns dos quadros mais comuns derivados dessa diferença.
A hipótese das podas neurais nos diz que uma causa possível dessas diferenças seja a mudança no mecanismo que o cérebro usa para otimizar sua estrutura em função das habilidades adquiridas.
Quando o cérebro poda demais, temos o autismo regressivo - quando uma criança perde habilidades já adquiridas.
O mais comum é ele podar de menos. Com isso, o processo de desenvolvimento fica atrapalhado, pois a criança não tem os ganhos de performance que acontecem com uma poda precisa. A criança pode demorar a adquirir alguma habilidade, ou mesmo não conseguir aprender.
Porém é necessário lembrar que o processo das podas só se completa no início da vida adulta, e o cérebro, mesmo na vida adulta, continua sendo plástico, capaz de aprender coisas novas desde que haja estimulação.
É esse processo de estimulação suplementar que ajuda neurodiversos a desenvolver habilidades que antes eram impossíveis - e esse processo não deve parar com a chegada da adolescência ou da vida adulta! No atendimento aos adultos, o psicólogo deve atuar na estimulação para o ganho de autonomia.