Tatiana Perecin - Psicologia Clínica
Alguém que compartilhe conosco as responsabilidades envolvidas no trabalho com psicoterapia: essa é uma das principais funções da Supervisão Clínica. Um espaço de aprendizado e aprimoramento, e que nos protege de um dos maiores riscos ocupacionais da nossa profissão - o peso das decisões envolvidas na leitura e condução de casos onde há sofrimento mental intenso ou risco de vida.
“Tati, mas porque você se refere a nós como clientes? O certo não seria pacientes?”
Porque psicólogos e clientes não podem ter uma relação pessoal, é comum algumas pessoas acharem que isso significa que o psicólogo não nutre sentimentos pelos seus clientes. Mas isso é um equívoco.
É uma dúvida comum, mas o psicólogo pode sim atender pessoas que se conhecem. Se não pudesse, não existiria a terapia de casais nem as terapias de grupos (ou em grupos).
Resposta curta: não. Nem parente, nem amigo, nem ninguém com quem ele tem uma relação pessoal. E se você leu os textos anteriores, já deve estar imaginando o porquê.
Vamos falar sobre a relação entre o psicólogo e o cliente? A terapia é um processo que tem um viés pedagógico. Ao longo dela aprendemos coisas novas, estratégias, habilidades, que irão nos ajudar a produzir uma vida mais plena. Isso quase todo mundo sabe. Mas o que nem todo mundo sabe é que a terapia pode promover mudanças sem nem mesmo lançar mão desses complementos; a relação entre o cliente e o psicólogo pode ser terapêutica em si. Como isso é possível?
Dica de livro: Forty studies that changed psychology - Roger R. Hock Primeiro ano do curso, aula de Psicologia Geral: o querido professor Julio De Rose nos apresentou à psicologia utilizando esse livro fantástico, e creio que foi a faísca inicial da minha paixão por essa ciência.
O trabalho em psicoterapia clínica é fascinante. No meu caso, foi o casamento da profissão com a paixão. Mas ele tem um outro lado menos adorável: pode se tornar um trabalho muito solitário. A responsabilidade por todas as decisões envolvidas na leitura e condução de casos onde há sofrimento mental intenso, chegando inclusive a envolver risco de vida, pode se tornar uma carga opressiva.